11/03/2025

5Guardando na prateleira histórias dignas de registo (V)

 Um desafio em Julho de 2008, sobre uma pintura publicada aqui neste mural da minha C(l)ave - Partilha de uma muito querida (4), um acrílico sobre tela da minha Autora da Capa de Memória Alada -, resultou num conjunto de histórias que só me lembrei passados quase 12 anos de recolher para memória, e que são dignas de serem lidas por quem se quiser dar a esse trabalho. 

Segue-se a parte V:

Uma Estória (13) Por bono_poetry do tempocronométrico

Meu amigo de Emanon,

Envio-te por este meio de alta-tecnologia saudações do planeta terra. Continua quente este lado do planeta onde vivo,tenho sérias desconfianças que estamos no pico do verão. Que planeta estranho este é ...inverno! Bem, continuo a gostar mais de Emanon, é mais ameno e menos poluído. A cidade tem um nome estranho, Lisboa, está bonita mas as tágides andam um pouco malucas com o verão...o povo diz que é a época da reprodução... quando souber o que quer dizer prometo explicar-te.o pessoal daqui é estranho à brava, agora andam vestidos com umas calças que unem na zona dos joelhosexperimentei e acredita,aquilo é uma arma letal! ainda vão acabar com o planeta se continuam a usar aquelas calças mas há algo bastante curioso neste planeta...as crianças,umas pessoas pequeninas muto mais inteligentes que os adultos são muito parecidos com os Emanonianos. As pessoas que estão de férias parecem sair de um grande forno e as que estão a trabalhar estão na mudança de pelenão percebo a lógica nem uma ligação... tenho feito umas anotações sobre esta povoação,passo a citar: 1. as pessoas da terra vão para um areal enorme e poem creme(acho que é para agarrar melhor a areia) 2. bebem um liquido dourado com gás(nem me atrevi a provar)3.as mulheres usam uma especie de plataforma nos pés (se é para irem para o nosso planeta têm de se esforçar mais na altura) 4. tenho saudades tuas (ups este apontamento é meu) como podes ver... gente estranha... não há nada como Emanon. ja agora envio-te uma tela comigo sentado na perna de um desses estranhos seres...

beijoooooo emanoniano entre os teus belos orificios reprodutores... hehehehe!!!!



Lá longe, no meia da terra do nunca, vivia Morgana, uma princesa deveras rebelde... Ela sonhava viajar para fora do seu reino, conhecer montes e vales, abismos e penhascos que nunca antes tinha visto, apenas os havia sonhado. Sonhava com tudo isso, montada no seu cavalo branco de crina cinzenta, a cortar ventos e tempestades ou simplesmente em belos dias de sol em que tudo era luz, assim como ela gostava.

Ela era muito meiga e de rosto muito iluminado, e o seu cabelo negro dava-lhe ar de guerreira. Uma guerreira bem menina, uma guerreira bem mulher, com tudo o que isso implica!

Certo dia, após o sol se pôr, bem no recanto mais escondido do palácio, Morgana encontrou-se com o seu mais fiel amigo, o sapo Artur. Este belo amigo, de pele bem escorregadia era o seu mais fiel companheiro, que a acompanhava nas mais diversas aventuras. Desde chatear a rainha mãe com as suas loucuras de menina rebelde, a dar cabo do juízo ao trovador que que insistia em cantar todas as cantigas de maldizer que ela não suportava bem na hora do jantar (quando não era logo ao pequeno almoço!). [Artur era quem a inspirava, apesar de todo aquele verde esquisito e daqueles olhos e... daquela pele estranha. Era sempre sincero no que dizia e quando Morgana o questionava com alguma dúvida ele tinha sempre uma resposta... uma resposta sempre sábia. Artur tinha sofrido um feitiço, uma vingança de alguém que ansiava pelo seu poder, alguém com um coração muito negro e maldoso e que apenas queria poder ( e foi só isso que conseguiu...). Alguém considerado fiel que o tramou e que conseguiu transformá-lo em algo... verde...Conheceu-o num dia bem chuvoso, em que Morgana estava revoltada com a sua vida, decidiu cavalgar no seu cavalo e ir até ao lago. Foi lá que encontrou Artur e com ele travou uma longa conversa, em que descobriram que tanto tinham em comum, apesar de toda a diferença física. Ficaram amigos e ele decidiu que não se importaria de morar no repuxo do castelo apenas para a ver, para se sentir feliz e acompanhado.. já que lhe tinham tirado o que de mais belo tinha...] Bem no escuro da biblioteca, onde apenas as velas ardiam, dando corpo aqueles doisa corpos tão diferentes, conversaram sem fim sobre os sitios onde Morgana desejava ir, e depois de Artur lhe contar verdadeiramente o que lhe tinha acontecido, ela não desistiu e porcurou até ao ultimo livro, um que le indicasse como quebrar toda esta maldade. Instalado na prateleira mais alta e carregado de pó, "Como quebrar Feitiços em 3 tempos!" estava como se ninguém há séculos tocasse nele. Morgana pegou e leu em letras bem grandes: Os feitiços só quebrarão quando se tem bom coração. Morgana acreditou muito, muito e quando pousou Artur em sua mão e lhe afagou a pele escorregadia, ouviu-se um som de estrelas a cair, como se todas as estrelas do céu se compenetrassem no seu pensamento. Aconteceu... Artur, transforou-se num homem, do qual ela tão bem conhecia. Artur, o grande Rei Artur... seu pai, do qual ela tanto amava, e que julgava que à muito tivesse morrido.
Abraçaram-se, como só pai e filha sabem fazer, num abraço tão apertado e tão deles que toda a terra parou... apenas para os sentir.



Uma Estória (15) Por Cris do Procurar-se

O melhor abraço do mundo...

- Dá-me um beijo, que vou virar o teu príncipe! - suplicava o sapo.
- Qual príncipe, qual carapuça! Eu quero é que me deixem em paz e sossego! Não gosto dos teus olhos! Não são doces!
- Vais arrepender-te! - ameaçava o sapo.
- Se fosses verdadeiramente o meu príncipe, não me tratavas assim. Tratavas-me com carinho e ternura, mesmo com a minha rejeição. Na volta, és daqueles que gosta de bater na mulher. És um triste!
- Bolas, miúda, vais ficar sozinha para sempre! - continuou o sapo com raiva.
- Antes só, que mal acompanhada! Não te esqueças que és apenas um sapo, posso sempre atirar-te pela janela fora...
- Atreve-te! - insinuou o sapo.
- Olha que é já agora! - levantou-se, pegou no sapo, abriu a janela e jogou-o do 15.º andar... Sentiu-se aliviada. Sonhava com aquela colega de turma que lhe dera um abraço no outro dia. O melhor abraço do mundo...


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10/03/2025

Caminho de Jornada

De versos se faz a vida
uns dias tão magoada
tão sofrida
outros pela estrada
repetida
de sol
de chuva
de mar
em sal
ou colorida
tantas vezes mal-amada
incompreendida
mas caminho de jornada
e sempre querida

05/03/2025

4Guardando na prateleira histórias dignas de registo (IV)

Um desafio em Julho de 2008, sobre uma pintura publicada aqui neste mural da minha C(l)ave - Partilha de uma muito querida (4), um acrílico sobre tela da minha Autora da Capa de Memória Alada -, resultou num conjunto de histórias que só me lembrei passados quase 12 anos de recolher para memória, e que são dignas de serem lidas por quem se quiser dar a esse trabalho. 

Segue-se  a  4ª parte:

Uma Estória (10) Por Metódica do Método

A noite já vai alta, mas para ela pouca diferença faz, está acostumada a deitar-se tarde, mas esta noite não tem intenção de ir dormir.
Esta noite acendeu três velas no velho castiçal de família, tinha um carinho especial por ele. Era daquelas relíquias que vão passando de mãe para filha. Gostava de pensar que aquele castiçal tinha séculos de existência, que tinha pertencido a parentes importantes, talvez até da nobreza, na altura em que Portugal ainda era uma monarquia.
Nunca percebeu muito bem porquê, mas gostava de ver as velas arderem naquele velho castiçal cheio de história, gostava de ver as chamas dançarem ao som de uma melodia muda. Lembrava-se de que em criança passava horas a olhar para as velas, na noite de Natal, quando a sua mãe as acendia no castiçal.
Hoje não é natal, mas ela também já não é criança e a mãe também já não é viva, faleceu à dois anos num horrível desastre de automóvel.
Estamos no inicio de Janeiro e um frio intenso veste as noites, mas ela não sentia frio, não sentia nada. Sentada no chão olhando as chamas, a sua mente era assaltada por todas as suas memórias, por todos os seus fantasmas, por todos os seus medos e ela via tudo isto desfilar à sua frente como se ela própria fosse alguém de fora, como se estivesse a assistir um filme num cinema.
Não consegue evitar, ela precisa destes momentos, são momentos só dela em que pode meditar à vontade, rever toda a sua vida, todos os seus sentimentos.
Acompanhada pelo seu velho castiçal entra no mais íntimo do seu ser, nas profundezas da sua existência, enquanto lá fora, todo o Universo dorme tranquilamente.



Jurei que ficaria assim... sentada a um canto até ao fim da vida! À espera. Cada dia que passe, cada noite que caia, cada raio de sol, tempestade, trovoada, será um momento nos muitos momentos de espera da minha vida. Porque a vida não depende sempre e só de nós, porque desejar que isto ou aquilo aconteça não é garantia de nada, porque quis ser feliz e não fui... fico, pois, aqui à espera... à espera... de braços cruzados com a vida, de costas voltadas ao destino, de olhos fechados ao mundo... só eu, só eu no silêncio, só eu comigo... sozinha... por momentos julgo ver aquele sapo que brincava comigo quando a vida ainda não me desiludia, mas esfrego os olhos e regresso à realidade... está escuro, está frio... continuo à espera e nada acontece, porque a vida parou para mim, continua a correr lá fora... sinto-me a ficar para trás, perdida num vazio... falta-me o ar... uma janela... num impulso corro para ela, abro-a e sinto o ar na cara, o vento frio nos cabelos, respiro fundo e deixo a vida entrar dentro de mim... por momentos sinto que pude decidir entre ficar no canto, inerte, e voltar a viver...


Uma Estória (12) Por Sara Cabral

A lenda do Amor

Catarina, uma jovem bonita, inteligente, acostumada aos bons luxos da vida, estava habituada a ter muitos rapazes de volta dela. Ela era a mais popular!Um dia, tudo mudou, ela nunca chegou a perceber porquê, mas deixou de gostar que os rapazes andassem sempre de volta dela, e precipitadamente começou a ser um pouco menos simpática e acabou por afastar todos os rapazes da sua vida.Mais tarde, acabou por se arrepender e quando queria arranjar o amor da sua vida, estava mais desesperada que nunca e cada vez mais fechava-se. Leu num livro que segundo uma lenda, para arranjar o amor da vida dela teria de arranjar um candelabro com três velas e um “amigo”.Catarina, sem ter amigos decidiu levar o primeiro animal que encontrou: um sapo. À meia-noite, ajoelhou-se a um canto do seu vazio quarto, com o seu candelabro e as três velas acesas e o sapo em cima do seu colo.Nada mais se sabe sobre esta história, mas pensa-se que o sapo se transformou num príncipe. Há quem diga que nada aconteceu e que Catarina sofreu até ao fim da sua vida. Fica agora ao critério de cada um terminar a minha história...

(postado por empréstimo no Método)

Uma versão de continuação por:

Marta 02/09/08, 08:48
Era meia noite em ponto, quando os seus lábios tocaram o sapo. De imediato deu-se um puffft, e uma fumarada imensa invadiu o quarto. Catarina, tossiu por cinco minutos, antes de conseguir vislumbrar a bela rapariga em pé, ao lado da janela.
Uns, dizem que foram felizes para sempre, outros dizem que Catarina sofreu até ao fim da sua vida, vitima do preconceito alheio!
Outra versão de continuação por:

Costuma dizer-se que se não os podes vencer, junta-te a eles.
E foi o que acabaria por acontecer. Catarina, farta de tentar procurar o amor da sua vida entre aqueles sapos todos sem encontrar aquele que quisesse verdadeiramente transformar-se em príncipe, acabou por transformar-se, ela própria, em sapo!
Ainda outra versão, mais recente, de continuação por:

Pois, o sapo transformou-se num príncipe intolerável, autoritário, um jovem sem escrúpulos, manipulador e vingativo. E aprisionou Catarina em casa. Como a rapariga tentou escapar às garras daquele ser monstruoso, ele prometeu isola-la de todos os olhares, Catarina aprenderia a amá-lo, só a ele, apenas a ele. E decidiu que habitariam uma mansão , solitária na floresta, ladeada de arvoredo. O príncipe belo, tornou-se cada vez mais escuro e sombrio com o passar dos anos. Catarina, a jovem formosa, desencantada e desiludida, procurou conforto num velho piano, foi ali, que tocou as mais extraordinárias composições musicais. Gatafunhadas em papéis sujos e velhos. Como o príncipe rasgava e incendiava-os irado, ela aprendeu a defender-se e a escondê -los em lugares impensáveis. Depois da sua morte, o casarão foi descoberto e explorado e finalmente a suas obras musicais saíram para os salões da alta nobreza e Catarina, nome pronunciado de boca em boca, nunca mais seria esquecida. Do malvado príncipe, nada, nem referências, nem como terá sido o seu fim. Como se jamais tivesse existido.
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04/03/2025

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Agradeço a compreensão.

03/03/2025

Ao Teu colo

É muito bom, Senhor, o teu colo.
É indiscritível a sensação de saber
Que me tomas nos braços
E que me proteges
E afagas
E mimas.
Quisera eu merecer
E saber agradecer
O colo que me dás.
Mas só sei dizer:
Obrigada!

02/03/2025

Como sois grande!




Quando contemplo o mar
A imensidão de oceano
Que o céu vem beijar
Tudo obra admirável das Vossas mãos
Não posso deixar de exclamar:
“Como sois grande em toda a terra,
Senhor nosso Deus!”

01/03/2025

Tal e qual eu


 

«Sim, eu isolo-me. Não porque não goste de pessoas, mas porque o mundo, com o seu ritmo frenético, esgota-me: o barulho incessante, as multidões apressadas, as conversas que, muitas vezes, não passam da superfície.

Isolo-me porque prefiro estar só do que rodeado de pessoas com quem não partilho a mesma vibração, o mesmo compasso da alma. Não é que os outros sejam menos interessantes ou dignos, nada disso. Somos apenas diferentes. As nossas sensibilidades movem-se em tempos distintos, e está tudo bem assim.

Com o passar dos anos, tornei-me mais consciente de quem sou, do meu caminho e do que não estou disposto[a] a carregar. Compreendi que a solidão, para mim, não é um vazio, mas uma presença — um encontro íntimo comigo mesmo, onde o silêncio é reconfortante como um abraço.

O mundo tem muito para oferecer, sim, mas também traz consigo ruídos que podem afastar-nos da nossa essência. A inveja, a competição desenfreada, as distrações constantes... É fácil perder o rumo. Por isso, escolho a minha bolha de paz, seja em casa, num canto tranquilo, ou no meio da natureza. É nesses espaços que reencontro a minha serenidade, onde o melhor de mim floresce no silêncio que escolho.

Não sou anti-social. Sou alguém que aprendeu a respeitar a sua sensibilidade e a necessidade de equilíbrio. Ouço, acolho, ajudo sempre que posso e com profundidade. Mas, depois, preciso de regressar ao meu refúgio interno, ao lugar onde me restauro.

E, se dedico o meu tempo a alguém, saiba que não é por solidão ou por necessidade de preencher vazios. É porque escolhi, de forma consciente e verdadeira, estar ali.»  
(Éden Cara)