25/10/2023

dos espinhos nas veredas

«minha vontade sempre foi 
subir ao topo da tua permanência 
e, ali, habitar-te. 
Mas minhas impetuosidades 
foram expostas em direção a outros receios. 
O teu templo exige vigilância, clausura 
e eu sou transitória. 
Mas há muito estirei minha alma 
sem arremedo 
a teus pés. 

 (...) 
 
abasteci-me de palavras 
fiéis, doces, consumadas 
juntei as mansas raízes 
um tino das sombras 
dos espinhos nas veredas 
tanto fiz pra te fazer um poema 
que te doesse dentro 
que te esmagasse o estômago 
mas tu não entendes de sacrário 
nem de desbastes. 

por descuido passei 
a escrever na penumbra 
primeiro usei o lápis 
e o papel em branco 
mas tu não leste. 
Apontei o carvão 
e escrevi na parede 
enquanto dormias. 
Tu não leste. 
Então desenhei em baixo relevo 
na porta do quarto 
no chão da sala 
no umbral da porta 
quando viste, 
eu já tinha (l)ido.»

Excerto de Jeanne Araújo, Sangria



05/08/2023

Declamando

Maio de 2012
No Lançamento do livro "O sol disse-me que amanhã acorda cedo", de Clara Maria Barata
.
Novembro de 2012
Na apresentação em Coimbra do livro de Paula RaposoO Laço Impenetrável do Silêncio
.

16/06/2023

Um Certo Olhar



Encosto os olhos e absorvo
O odor da maré
Como quem recebe
No peito um abraço
E se encolhe nesse aperto

Acordo o olhar
E avisto ao longe o azul
Brilhando por entre as brumas
Confundindo-se com outro azul
Que sobe às alturas

[Excerto adaptado do meu poema Naufrágio, publicado originalmente a 17/05/2010 no meu blogue Nuvens de Orvalho (apagado)]