25/04/2008

Na busca de um farol

No céu nem uma única nuvem perturba a paz deste sol resplandecente. 

Percorro o imenso areal, ao mesmo tempo que tomo consciência do paradoxo que me envolve: a calma do azul celeste e a tempestade que me invade a alma, qual oceano enfurecido. 

Esta fusão, visual e psicológica, de céu e mar, provoca em mim uma tal ânsia de infinito, que me deixo cair amortecida, também pelo sol avassalador, até que o meu mar interior se vai lentamente transformando num erodido grão de areia. 

Resta-me comungar do espaço físico que me envolve. 

Deixo-me ficar caída na praia, ouvindo o ruído das ondas, até sentir todo o distanciamento necessário a me encontrar. 
 
Aos poucos, vou procurando vislumbrar o Farol que me guiará! 
  
(Texto enviado ao 1.º Jogo das 12 Palavras)

09/04/2008

Abre o coração ao mundo

Se tens o coração
de ti tão encharcado
retendo dentro repetidamente o olhar,
sem te dares oportunidade
a que outras belezas
se ensejem a manifestar,
qualquer dia negarás
que possam existir
peixinhos dourados
e crianças a sorrir.
Então o teu mundo
será apenas tu,
o teu coração
e um pretenso culto
que não podia florir.