Crescem. E voam.
Deixam o ninho e juntam palhinhas para o seu próprio ninho.
E não são mais nossos.
E há certas alturas em que a saudade cala mais alto e acende rastilhos que inflamam convulsões no peito e fazem jorrar cascatas dos olhos.
E a vida se revê para trás, do princípio, quando as flores mais belas se desenharam e trouxeram a vida ao ninho que aos poucos se foi vestindo de penugens frescas...
Eu sei, as avezinhas tinham de crescer. E é muito bom quando as suas asas ganham penas fortes que lhes garantem o voo.
Eu sei como a felicidade do seu voo é a nossa alegria.
Mas não posso evitar, hoje, um pouco de nostalgia.
Parabéns, meu amor!
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita,
prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
(Clarice Lispector)